quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A MODA DOS “X DESIGNERS”

Você vai se perguntar… o que significa “X Designer” ? Não é a tendência “X” que surgiu há uns 12 anos atrás… “X Designer” significa outra coisa… e a notícia não é nada boa…

O “X” da questão do título (literalmente) não significa a tendência de design X, mas sim a variável X, onde agora, qualquer profissão pode ser “. . . designer”.

Um dia desses eu estava resolvendo algumas questões no centro da cidade, quando olhei para um muro com propagandas e vi algo aterrador: um anúncio (com foto e tudo) de uma mulher que se entintulava “Cake Designer“!

Pensei comigo: “será que eu tô sonhando? Não é possível… Cake Designer? ”

Pois é isso mesmo minha gente… agora CONFEITEIRA se tornou CAKE DESIGNER.

A foto do anúncio mostrava uns 3 tipos diferentes de bolos (nem tão mirabolantes assim) e uma equipe com roupas de “chef” ao lado da “dona do negócio”.

Como já não bastasse, há uns 8 anos pra cá, os salões de cabeleireiro passaram a usar a designação de Coiffeur , abraçando a expressão francesa para cabeleireiro. Mas os próprios profissionais passaram a adotar uma nomenclatura que os possibilitasse ser reconhecidos sem perder o glamour de sua profissão, que, pela palavra em português não oferecia status nenhum. Daí surgiu o HAIR STYLIST, ou HAIR DESIGNER.

Agora vejamos… imagine se amanhã, o pintor civil, que faz pátinas e texturas em paredes e tudo mais, resolver se chamar WALL PAINTING DESIGNER? Ou talvez a pessoa que embrulhe os ovos de páscoa resolver se auto-definir como EASTER EGG DESIGNER ? Ou ainda, se aquela pessoa que monta bijuterias resolver dizer que é FAKE JEWERLY DESIGNER? Será que é pra rir ou pra chorar?

Não estou colocando em discussão o talento das pessoas em suas tarefas. Eu não seria capaz de ornamentar um bolo usando o chantily naqueles complicados e intrincados padrões geométricos e arabescos… pra isso existe a hábil mão do CONFEITEIRO. Agora, CAKE DESIGNER, é demais…

Imaginem vocês se amanhã, o artesão que fabrica brinquedos de madeira resolvesse se definir como WOOD ENGINEER?

Enfim… não será por conta de um balcão que eu instalei na minha cozinha que me definirei como ENGENHEIRO ou até mesmo DESIGNER DE INTERIORES… cada coisa no seu lugar.

Já que as palavras em português estão ficando sem efeito e banalizadas, devemos tomar cuidado para que o uso das definições em inglês – quando não há alternativa em nossa língua, como o caso do designer – não se tornem “lugar comum” e percam a força também, como as próprias palavras que fizeram estes profissionais migrarem para “novas expressões”.

Com certeza, peça para um CONFEITEIRO fazer seu bolo de aniversário, casamento ou bodas. Mas não peça a um CAKE DESIGNER para auxiliá-lo bolando uma “logomarca


5 comentários:

Igor Arume disse...

Ótimo texto.

Hannah Cardoso disse...

É nosso dever falar pra essas pessoas que elas não são designers. Acho que só assim que a gente pode reverter essa moda nojenta ¬¬

Erica Zambrano disse...

já vi "design de sobrancelhas"!

Joana Nunes disse...

Arrasou, Tainá. Nós sentimos na pele essa revolta... :P

José Renato Zambrano disse...

só não adianta a gente ficar se lamentando porque esses "designers" conseguem o nosso espaço no mercado sem estarem preparados pra isso...

Temos que estar prontos pra explicar pras pessoas por que a gente é mais indicado pra fazer os trabalhos. E uma aula sobre como provar isso é difícil que ensinem na faculdade...
Só buscando o diferencial mesmo...